Cultura Flamenca

Origem do Flamenco

Tradução de Natércia Loureiro
“O Flamenco está íntimamente ligado ao mundo cigano. Toda análise deve se direcionar ao estudo deste povo. Na realidade não os conhecemos em profundidade, mas a sua compreensão aproximada nos levará ao mundo misterioso do flamenco.”
Luis Lópes Ruiz
As mais sérias opiniões atribuem o berço dos ciganos ao nordeste da Índia, atual Paquistão. A entrada deste povo na Europa se deu em torno do séc.XIV, atravessando-o completamente e a uma parte do século seguinte.
A sua entrada na Espanha data de l425 através de um salvo-conduto então delegado pelo seu Rei Alphonse V, o Magnânimo. Pode-se calcular a entrada de 180.000 ciganos na Espanha em ondas sucessivas passando pelos Pirineus para se distribuir pouco a pouco por todo país.
Chegaram, em Andaluzia em meados de 1462, onde encontraram finalmente uma atmosfera propícia , pondo fim a sua longa errança, originada na expulsão de sua terra natal pelos povos bárbaros..Os andaluzes são reconhecidos até aos dias de hoje, como hospitaleiros.
Os ciganos absorveram o folclore andaluz adaptando a sua cultura aos ecos orientais e aos cantos populares daquela terra, injetando-lhes uma nota pessoal e fazendo deste encontro uma coisa nova: O canto jondo.
Ao que se sabe o flamenco dentro da sua forma mais significativa nasceu de uma necessidade básica de povos submetidos - nesta ocasião habitavam àquela terra os judeus, marroquinos e outros povos andaluzes marginais - se expressarem em seu confinamento e dor.




Situação Atual

Em muitos setores artísticos fala-se de crise, considerando-se a palavra crise uma certa decadência estrutural, que colocamos aqui sobre alguns ítens evidentes:
a - os guitarristas fazem entre si uma concorrência excessiva, abandonando o prazer de acompanhar o bailaor pelo prazer de se tornarem solistas;
b - os bailaores procuram a virtuose em detrimento da emoção. O bailaor é de mais a mais um dançarino de teatro e o baile se torna um ballet;
c - o cante deve sempre traduzir um grito de revolta, um protesto resignado, alguma coisa como expressão de liberação, que de tão profundo torna-se súplica universal.